O negócio da arte

FERNANDA FLEURY (*)

Vivemos, de uma maneira ou outra, cercados pela arte, seja ela escrita, musical, cênica, visual ou audiovisual. Porém, quando encarada como um negócio parece algo muito difícil, uma jornada incerta, um caminho de altos e baixos. Até aí, nada muito diferente de qualquer outro empreendimento que se ouse fazer neste País.

Mas, de fato, fazer da arte um negócio tem sim suas particularidades. Trabalhando com um amigo artista plástico percebi que um grande desafio do empreendedorismo artístico é conseguir o justo reconhecimento financeiro em suas obras. No tocante às artes plásticas, essa dificuldade pode ser ainda maior, já que diferente de segmentos como música e cinema, não tem um mercado consumidor tão amplo e popular.

Quem vive da arte deve entender que é possível empreender sem abrir mão de sua liberdade criativa, de sua essência e originalidade. Sob o ponto de vista de gestão, o que é preciso ao artista é envolver-se e trabalhar bem todas as etapas de sua carreira, indo além do produto final. Nesse sentido, ter, por exemplo, uma postura de negócio é saber se apresentar, precificar o seu serviço, vender e identificar novos nichos. Tais atitudes podem resultar na conquista de estabilidade financeira, visibilidade e credibilidade.

No case do amigo que citei anteriormente, percebi que ele soube aliar arte e empreendedorismo e concretizou seu grande propósito: criar o símbolo de um movimento mundial pelo amor e a maior conexão entre as pessoas. Vê-se aí uma importante estratégia de mercado adotada pelas empresas: agregar conceitos e valores humanos aos produtos. Ou seja, uma roupa não só veste, ela pode trazer consigo uma ideia, um propósito; uma famosa marca de refrigerante não só mata a sede de seus consumidores, ela também faz referência a bons momentos da vida. Produtos não são só itens a serem comercializados, eles precisam traduzir um conceito, um valor subjetivo.

O que agências de publicidade e comunicação fazem de forma planejada e estudada, os artistas fazem de maneira instintiva e elaboram seus produtos ou obras com base em ideias e sentimentos, concretizando a inevitável subjetividade da vida. Sendo assim, empreendedorismo e arte partem de uma mesma premissa: criar e ter-se um olhar diferente sobre as coisas. Portanto, se o mundo dos negócios tem muito a ensinar aos artistas, gestores de diversos setores também têm muito a aprender com a arte.

FERNANDA FLEURY É ESPECIALISTA EM GESTÃO E ATENDIMENTO, E DIRETORA DA SPIA CONSULTORIA.

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